Comercio Exterior
Daniel Limas
Nunca se falou tanto
em globalização, balança comercial, importação, exportação, superávit e
internacionalização. Não é para menos: com a evolução dos transportes e das
telecomunicações, as distâncias entre os países estão mais curtas. Viajar é
muito mais simples e ter produtos importados em casa já não é raro. E o Brasil
vem se destacando cada vez mais no cenário internacional.
O profissional de Comércio Exterior é fundamental para que produtos
importados cheguem à sua casa – e para que produtos brasileiros estejam ao
alcance de consumidores do mundo todo. Oriundo de uma das linhas de formação da
Administração, este profissional é responsável por fazer as negociações e por
lidar com todos os trâmites necessários para o comércio entre nações,
considerando a diversidade de culturas, leis, regulamentações e exigências.
Dentre suas
atribuições está gerenciar as atividades comerciais da rotina de importação e
exportação em todas as etapas: câmbio, impostos, transporte e comercialização.
Mas a área de atuação é bastante ampla, pois o profissional de Comex pode
exercer atividades com foco financeiro (ao negociar recursos, obter linhas de
crédito, avaliar riscos, estudar o câmbio) e operacional (logístico), além de
prestar consultoria em Finanças, Recursos Humanos e Marketing.
Os ramos do mercado
também são variados. Ele pode atuar em indústrias (maior demanda), comércios,
bancos, consultorias (em crescimento) e na área da logística. No Brasil, o
mercado também está aquecido em decorrência da forte internacionalização de
empresas brasileiras dos mais diversos portes.
Perfil
Algumas características que são fundamentais para
quem quer seguir carreira com Comércio Exterior: ter jogo de cintura, saber
negociar, analisar situações futuras, planejar, ter senso de urgência, saber
priorizar as demandas, gostar de conhecer outras culturas e povos.
Sonia Resende, analista de Gestão
de Pessoas da ApexBrasil – Agência Brasileira de Promoção de
Exportação e Investimentos, acredita também que um bom profissional deve ser resiliente, ou seja, ser capaz de suportar pressões e revezes e dar a volta por
cima. “Em geral, as grandes negociações são bastante longas – duram até dois
meses -, têm valores bastante altos e a pressão é enorme. Fora suportar a
questão de hoje estar na sua casa e amanhã na China, ou ter de trabalhar aqui
seguindo o fuso de determinado país. Não há horário de expediente”, conta.
E como as viagens e
contatos com outros países são freqüentes, é fundamental que o profissional
conheça amplamente o mercado com o qual vai negociar. “Não adianta apenas saber as leis e os trâmites legais. É preciso
conhecer a cultura local para poder oferecer um produto adequado ou até mesmo
saber como agir e se portar diante do cliente”, explica Sonia.
“Cada país tem suas exigências e
peculiaridades. Por exemplo: para exportar nossos torrones para o Uruguai, foi
necessário modificar o recheio e a embalagem. E isso você só entende procurando
conhecer a fundo aquele país”, explica Mauricio Carmo David Neto, estudante do curso de Comércio
Exterior da Universidade Mackenzie e responsável pelo Comércio Exterior da Indústria de Torrone Nossa Senhora de Montevergine.
E como não é tão
simples, rápido ou barato fazer imersões nas culturas alheias, especialistas indicam
usar a Internet, ler muitas revistas e jornais do país em questão, procurar
consulados e embaixadas e também as associações que fomentam o comércio
exterior, como é o caso da ApexBrasil. Para Eduardo Caldas, gestor de projetos
da área de Agronegócios da ApexBrasil, o profissional que conhece bastante uma
determinada cultura, seja por vivência, viagem ou até mesmo por ascendência, é
muito valorizado pelas organizações.
Cercar-se de todos
esses cuidados pode evitar uma negociação frustrada, insatisfação de clientes,
horas e dinheiro perdidos, entre outros transtornos. Saiba que ao não conhecer
a cultura local você pode até ofender o seu potencial cliente. “Nunca cruze as pernas e mostre a sola do sapato para os orientais. Da
mesma forma que, ao receber um cartão, deve-se segurá-lo com as duas mãos.
Outra dica: evite usar o número quatro com chineses, até mesmo em relação ao
horário. O numeral tem o mesmo som do ideograma que representa a morte para os
chineses. Outra gafe imperdoável é o famoso atraso brasileiro. É imperdoável
para muitos povos, como para os japoneses”, explica Sonia.
Maurício Carmo David
Neto lembra que se o profissional de Comex não entendeu o que o cliente quis
dizer, não adianta ficar envergonhado. “É muito melhor pedir desculpas e
perguntar novamente que cometer erros.”
Não é preciso nem falar sobre a importância das
línguas para esta profissão, não é? Aí vai um alerta: “Não adianta ser fluente. É fundamental saber os termos comerciais”, diz Sonia. Inglês e espanhol são imprescindíveis, pois os maiores
parceiros comerciais do Brasil utilizam estas duas línguas, mas o mandarim já
está sendo solicitado por muitas empresas.
A economia chinesa cresce muito e o
“dragão” vem abrindo a sua economia. Por isso, profissionais que entendem de
China estão sendo muito procurados – e valorizados.
Eduardo Caldas dá uma
boa dica para quem quer seguir na área e se destacar: “A maioria procura se aprimorar nos países mais desenvolvidos da Europa,
dos Estados Unidos e da Ásia. Mas a grande oportunidade de emprego está para
quem conhece países ainda em desenvolvimento, como os menores da Ásia, da
África e nossos vizinhos latino-americanos”, acrescenta.
Formação
Segundo o coordenador
didático do curso de Comércio Exterior da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Francisco Américo Cassano, uma dúvida bastante freqüente é a
diferença entre o profissional que atua no Comércio Exterior para o da área de
Relações Internacionais. Ele explica: “Enquanto o de Comex está focado no
comercial, o de RI tem uma formação mais carregada na ciência política e
social. Este pode atuar no Itamaraty, como diplomata, contribuindo para
aprimorar a política externa do Brasil com outros países.”
O curso de Comércio
Exterior tem duração média de oito semestres (quatro anos). No Mackenzie, por
exemplo, Cassano explica que o aluno se depara desde o início com disciplinas
específicas de Comex, ao contrário do que ocorre em outras instituições, que,
segundo ele, focam o início do curso nas disciplinas da Administração.
Com relação à
aceitação do recém-formado no mercado de trabalho, o professor Cassano comenta
que quase 100% dos seus alunos terminam o curso com empregos em boas empresas. “A maioria começa a estagiar no 4º ou no 5º semestre. São raros os casos
de quem não encontra boas oportunidades.”
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